Como está a mente do empreendedo brasileiro? A pesquisa "Cabeça do Dono", feita pelo Instituto Locomotiva para o Itaú Empresas, nasceu da tentativa de responder a essa pergunta. O levantamento entrevistou 1001 pessoas, donas de companhias com faturamento anual de R$ 360 mil a R$ 50 milhões, em todas as regiões do Brasil. As respostas foram coletadas entre julho e agosto deste ano.
A ideia é trazer um panorama das necessidades e desafios enfrentados pelas PMEs - que, atualmente, são responsáveis por 30% do PIB e geram 50% dos empregos ativos, segundo dados do Sebrae. Vamos às considerações do levantamento a seguir.
O que tira o sono do empreendedor?
60% dos líderes de pequenas e médias empresas têm a intenção de expandir seus negócios em 2025. Ainda, 79% se mostram esperançosos e empolgados em relação à situação atual da empresa.
Apesar das ambições positivas, há alguns desafios que mantêm os empreendedores acordados de noite. Para 41%, crises econômicas, flutuações de mercado e a concorrência; 20% se preocupam com fatores relacionados a crescimento e inovação, e 18% com a gestão financeira de seus negócios.
Essas questões somam-se à falta de tempo e sobrecarga de trabalho. 98% dos entrevistados toma decisões em cinco áreas de sua empresa, em média. Desses, 37% deles assumem essa carga absolutamente sozinhos. Segundo a pesquisa, o envolvimento fica mais intenso em assuntos ligados ao comercial, e menos em áreas mais burocráticas da empresa (como jurídico e T.I).
"Isso reforça como eles estão sobrecarregados e o tamanho do desafio que é mantersuas empresas progredindo, ao se verem com a responsabilidade por tantos setores que demandam habilidades diversas - e que se acumulam e evoluem conforme as empresas crescem", acrescenta Cadu Peyser, diretor de estratégias e produtos para PMEs do Itaú Unibanco.
Saúde mental preocupa
A sobrecarga não vem sem consequências. O estudo mostra que quase metade dos empreendedores relatam cansaço e estresse no dia a dia. E há diferenças de gênero: o estresse é sentido por 53% das empreendedoras (ante 47% dos seus congêneres masculinos) e o cansaço por 46% delas (ante 42%).
Ainda, 62% dos entrevistados afirma que gostaria de ter mais tempo com a família, enquanto 60% já enfrentaram alguma situação financeira adversa na sua vida pessoal por causa da empresa. Mais da metade (52%) relatou ter problemas de saúde relacionados à rotina de trabalho.
"Temos nesta pesquisa a visão de uma camada de empresários que se sentem solitários e esquecidos. Eles têm um senso de responsabilidade, persistência e reinvenção constante, e sabem que seus resultados impactam não só a sua vida, mas a de seus funcionários, famílias, cadeia de fornecedores e todo o seu entorno. O potencial desse segmento pode gerar um impacto muito grande no Brasil, e deveria ser olhado com mais intencionalidade", argumenta Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
Fontes: Você S/A (notícia) / Pexels (Imagem).